segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Dia D - Quadrilha


Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Carlos Drummond de Andrade

Dia D - Canto do Rio em Sol


Canto do Rio em Sol

Guanabara, seio, braço
de a-mar:
em teu nome, a sigla rara
dos tempos do verbo mar.

Os que te amamos sentimos
e não sabemos cantar:
o que é sombra do Silvestre
sol da Urca
dengue flamingo
mitos da Tijuca de Alencar.

Guanabara, saia clara
estufando em redondel:
que é carne, que é terra e alísio
em teu crisol?

Nunca vi terra tão gente
nem gente tão florival.
Teu frêmito é teu encanto
(sem decreto) capital.

Agora, que te fitamos
nos olhos, 
e que neles pressentimos 
o ser telúrico, essencial, 
agora sim és Estado
de graça, condado real.

II
Rio, nome sussurrante,
Rio que te vais passando
a mar de estórias e sonhos
e em teu constante janeiro
corres pela nossa vida 
como sangue, como seiva
-- não são imagens exangues
como perfume na fronha
... como pupila do gato
risca o topázio no escuro.
Rio-tato-
-vista-gosto-risco-vertigem
Rio-antúrio

Rio das quatro lagoas
de quatro túneis irmãos
Rio em ã
Maracanã
Sacopenapã
Rio em ol em amba em umba sobretudo em inho
de amorzinho
benzinho
dá-se um jeitinho
do saxofone de Pixinguinha chamando pela Velha Guarda
como quem do alto do Morro Cara de Cão
chama pelos tamoios errantes em suas pirogas
Rio, milhão de coisas
luminosardentissuavimariposas:
como te explicar à luz da Constituição?

III
Irajá Pavuna Ilha do Gato
-- emudeceram as aldeias gentílicas?
A Festa das Canoas dispersou-se?
Junto ao Paço já não se ouve o sino de São José
pastoreando os fiéis da várzea?
Soou o toque do Aragão sobre a cidade?

Não não não não não não não
Rio, mágico, dás uma cabriola, 
teu desenho no ar é nítido como os primeiros grafismos,
teu acordar, um feixe de zínias na correnteza esperta do tempo
o tempo que humaniza e jovializa as cidades.
Rio novo a cada menino que nasce
a cada casamento
a cada namorado
que te descobre enquanto rio-rindo.
assistes ao pobre fluir dos homens e de suas glórias pré-fabricadas.

Carlos Drummond de Andrade

Dia D - Verdade


Verdade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

Carlos Drummond de Andrade

Dia D - Desejos


Desejos

Desejo a você 
Fruto do mato 
Cheiro de jardim 
Namoro no portão 
Domingo sem chuva 
Segunda sem mau humor 
Sábado com seu amor 
Filme do Carlitos 
Chope com amigos 
Crônica de Rubem Braga 
Viver sem inimigos 
Filme antigo na TV 
Ter uma pessoa especial 
E que ela goste de você 
Música de Tom com letra de Chico 
Frango caipira em pensão do interior 
Ouvir uma palavra amável 
Ter uma surpresa agradável 
Ver a Banda passar 
Noite de lua Cheia 
Rever uma velha amizade 
Ter fé em Deus 
Não Ter que ouvir a palavra não 
Nem nunca, nem jamais e adeus. 
Rir como criança 
Ouvir canto de passarinho 
Sarar de resfriado 
Escrever um poema de Amor 
Que nunca será rasgado 
Formar um par ideal 
Tomar banho de cachoeira 
Pegar um bronzeado legal 
Aprender um nova canção 
Esperar alguém na estação 
Queijo com goiabada 
Pôr-do-Sol na roça 
Uma festa 
Um violão 
Uma seresta 
Recordar um amor antigo 
Ter um ombro sempre amigo 
Bater palmas de alegria 
Uma tarde amena 
Calçar um velho chinelo 
Sentar numa velha poltrona 
Tocar violão para alguém 
Ouvir a chuva no telhado 
Vinho branco 
Bolero de Ravel 
E muito carinho meu.

Carlos Drummond de Andrade

Dia D - Campo de flores


Campo de flores

Deus me deu um amor no tempo de madureza,
quando os frutos ou não são colhidos ou sabem a verme.
Deus-ou foi talvez o Diabo-deu-me este amor maduro,
e a um e outro agradeço, pois que tenho um amor.

Pois que tenho um amor, volto aos mitos pretéritos
e outros acrescento aos que amor já criou.
Eis que eu mesmo me torno o mito mais radioso
e talhado em penumbra sou e não sou, mas sou.

Mas sou cada vez mais, eu que não me sabia
e cansado de mim julgava que era o mundo
um vácuo atormentado, um sistema de erros.
Amanhecem de novo as antigas manhãs
que não vivi jamais, pois jamais me sorriram.

Mas me sorriam sempre atrás de tua sombra
imensa e contraída como letra no muro
e só hoje presente.
Deus me deu um amor porque o mereci.
De tantos que já tive ou tiveram em mim,
o sumo se espremeu para fazer vinho
ou foi sangue, talvez, que se armou em coágulo.

E o tempo que levou uma rosa indecisa 
a tirar sua cor dessas chamas extintas
era o tempo mais justo. Era tempo de terra.
Onde não há jardim, as flores nascem de um
secreto investimento em formas improváveis.

Hoje tenho um amor e me faço espaçoso
para arrecadar as alfaias de muitos
amantes desgovernados, no mundo, ou triunfantes,
e ao vê-los amorosos e transidos em torno,
o sagrado terror converto em jubilação.

Seu grão de angústia amor já me oferece
na mão esquerda. Enquanto a outra acaricia
os cabelos e a voz e o passo e a arquitetura
e o mistério que além faz os seres preciosos
à visão extasiada.

Mas, porque me tocou um amor crepuscular,
há que amar diferente. De uma grave paciência
ladrilhar minhas mãos. E talvez a ironia
tenha dilacerado a melhor doação.
Há que amar e calar.
Para fora do tempo arrasto meus despojos
e estou vivo na luz que baixa e me confunde.

Carlos Drummond de Andrade

Dia D - Ainda que mal


Ainda que mal

Ainda que mal pergunte, 
ainda que mal respondas; 
ainda que mal te entenda, 
ainda que mal repitas; 
ainda que mal insista, 
ainda que mal desculpes; 
ainda que mal me exprima, 
ainda que mal me julgues; 
ainda que mal me mostre, 
ainda que mal me vejas; 
ainda que mal te encare, 
ainda que mal te furtes; 
ainda que mal te siga, 
ainda que mal te voltes; 
ainda que mal te ame, 
ainda que mal o saibas; 
ainda que mal te agarre, 
ainda que mal te mates; 
ainda assim te pergunto
e me queimando em teu seio, 
me salvo e me dano: amor.

Carlos Drummond de Andrade 

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Eres mi religion

"El amor es la mayor de las religiones!"

Fernando "Fher" Olvera - Maná

Iba caminando por las calles empapadas en olvido,
iba por los parques con fantasmas y con ángeles caídos,
iba sin luz, iba sin sol, iba sin un sentido, iba muriéndome.
Iba volando sobre el mar con las alas rotas .
Ay, amor, apareciste en mi vida y me curaste las heridas.
Ay, amor, eres mi luna, eres mi sol, eres mi pán de cada día.
Apareciste con tu luz,
No nunca te vayas, no, no te vayas no.
Eres la gloria de los dos, hasta la muerte.
En un mundo de ilusión, yo estaba desahuciado, estaba abandonado,
vivía sin sentido, pero llegaste tú.
Ay amor, tú eres mi religión,
tu eres luz, tu eres mi sol,
abre el corazón, abre el corazón .
Hace tanto tiempo corazón, viví en dolor y en el olvido.
Ay, amor, eres mi bendición, mi religión, eres mi sol que cura el frío
Apareciste con tu luz,
Noo no, no me abandones, no nunca, mi amor.
Gloria de los dos, tu eres sol, tu eres mi todo
Todo, tu eres bendición
En un mundo de ilusión, yo estaba desahuciado, estaba abandonado,
vivía sin sentido, pero llegaste tú.
Ay, amor, tú eres mi religión.
Tu eres luz , tu eres mi sol,
abre el corazón, abre el corazón.
Ay, amor, tú eres mi bendición.
Tu eres luz, tu eres mi sol,
abre el corazón, abre, abre el corazón.
Viviré siempre a tu lado con tu luz,
moriré estando a tu lado, eres gloria y bendición.
Eres tu mi bendición, eres tu mi religión, yeah.
Eres tu mi eternidad y asta eres salvación.
No tenia nada, y hoy te tengo con la gloria,
con la gloria, con la gloria, amor, amor, amor, amor, amor.
Eres tu mi bendición, eres mi luz eres mi sol.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

She will be loved

"This song is dedicated to the ladies, the beautiful gorgeous incredible sexy Brazilian ladies,that is who this song is dedicated to."
Adam Levine - Maroon 5

Beauty queen of only eighteen, she
had some trouble with herself
He was always there to help her, she
always belonged to someone else

I drove for miles and miles
And wound up at your door
I've had you so many times
But somehow, I want more

I don't mind spending everyday
Out on your corner in the pouring rain
Look for the girl with the broken smile
Ask her if she wants to stay awhile
And she will be loved

Tap on my window, knock on my door
I want to make you feel beautiful
I know I tend to get so insecure
It doesn't matter anymore

It's not always rainbows and butterflies
It's compromise that moves us along
My heart is full and my door's always open
You can come anytime you want

I don't mind spending everyday
Out on your corner in the pouring rain
Look for the girl with the broken smile
Ask her if she wants to stay awhile
And she will be loved

I know where you hide
Alone in your car
Know all of the things that make you who you are
I know that goodbye means nothing at all
Comes back and begs me to catch her every time she falls

Tap on my window, knock on my door
I want to make you feel beautiful

I don't mind spending every day
Out on your corner in the pouring rain, oh
Look for the girl with the broken smile
Ask her if she wants to stay awhile
And she will be loved 

Please don't try so hard to say goodbye